Sobre o modelo eleitoral brasileiro
Sobre o modelo eleitoral
brasileiro
Luiz Sérgio Canário
O voto dado em qualquer candidato de um partido ou coligação
contribui para a eleição dos mais votados do partido. Isso porque o sistema para
a eleição de parlamentares no Brasil é o proporcional.
As cadeiras em disputa são divididas proporcionalmente
entre os partidos ou coligações concorrentes, segundo a votação em cada partido ou coligação.
Quando votamos em um candidato na realidade estamos somando
votos para o partido ou coligação do candidato. As cadeiras são distribuídas em
função do Quociente Eleitoral (QE), que é a divisão de todos os votos válidos
dados a todos os candidatos dividido pela quantidade de cadeiras em disputa. Os
votos no candidato estabelecem a ordem com que as cadeiras obtidas são ocupadas
pelos candidatos. O mais votado ocupa a primeira cadeira e assim sucessivamente
até a quantidade de cadeiras definidas para cada partido ou coligação serem
todas ocupadas.
Em São Paulo em 2014 foram 21.266.194 votos para 70 cadeiras
de Deputado Federal. O QE nesse caso foi 303.803 votos. Dividindo o total de
votos do partido ou coligação pelo QE, chegasse a quantidade de cadeiras que
cada um tem direito. A tabela abaixo tem o resultado desse processo para 2014.
Abaixo vemos o efeito disso nas coligações do PT/PCdoB,
PSDB/DEM/PPS e o PRB.
O PT/PCdoB teve direito a 11 cadeiras, segundo a lista
abaixo. O primeiro da lista teve 169.834 votos e o último 82.368
Já PSDB/DEM/PPS teve as suas cadeiras distribuídas como abaixo. O mais votado teve 352.708 votos e o menos 109.708, bem mais que o menos votado da lista do PT/PCdoB.
Já PSDB/DEM/PPS teve as suas cadeiras distribuídas como abaixo. O mais votado teve 352.708 votos e o menos 109.708, bem mais que o menos votado da lista do PT/PCdoB.
A distribuição do PRB é bem diferente nos números. O mais
votado teve 1.524.361 votos e o menos apenas 22.097! Celso Russomano sozinho
foi mais da metade dos votos do partido. Teve mais votos que o PSB inteiro que
teve direito a 4 cadeiras!
O nosso sistema faz com que nenhum voto dado a qualquer
candidato do partido seja “desperdiçado”. Cada voto acumula para que o partido
tenha direito a mais cadeiras na divisão proporcional. O voto no candidato determina
a posição dele na lista dos que terão direito a uma das cadeiras conquistadas
por todos os candidatos juntos.
Esse é um dos aspectos mais discutidos em uma reforma eleitoral!
Voto distrital? Distrital misto? Distritão? São variações sobre esse tema.
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